Interlagos nunca foi tão popular e teve tanto impacto para São Paulo. Mas existem problemas entre as pessoas, e alguns deles se repetem
Uma semana após a edição do GP de São Paulo em 2024, a organização traz informações que prendem a atenção do público e mostram o poder do evento para a cidade desde os aspectos financeiros e de imagem.
Os números falam por si: mais de 291 mil pessoas passaram por Interlagos em 3 dias de atividade, o que representou um aumento de 9,25% em relação a 2023. O impacto financeiro atingiu R$ 1,96 bilhão, um aumento de mais de 14 pessoas. % em relação ao ano passado e arrecadação de quase R$ 300 milhões. Só nesse aspecto, a prefeitura de São Paulo já justifica o valor gasto anualmente com a fiscalização, que equivale a cerca de 25 milhões de dólares, que serão pagos até 2030, quando expira o atual contrato.
A sede do GP, Interlagos, recebeu investimentos significativos nos últimos anos para se manter em condições de sediar grandes eventos. Atualmente é o único circuito da América do Sul e o segundo da América Latina com Classe 1 da FIA. Aos 84 anos e após diversas ameaças de fechamento ou demolição, Interlagos bate forte.
Superado o risco de privatização, cujo projeto levaria a uma transformação radical e à perda do caráter do complexo, foram tomadas uma série de medidas para melhorar Interlagos, que hoje, embora mantendo a sua atividade principal de desportos motorizados, grandes centros culturais eventos, como o Lollapalooza.
Nos próximos anos, prevê-se que a nova área de hotelaria, obras nos túneis de acesso na altura do Troço G para facilitar a circulação de pessoas e materiais para o meio da via, bem como a renovação e ampliação de as arquibancadas do Trecho A e a construção das arquibancadas finais no final da Reta dos Boxes.
Tudo isso é importante. Afinal, para os propagandistas é sempre necessário melhorar o produto. E ampliar o espaço é preferível. Segundo a opinião que até há poucos anos o público do GP durante 3 dias era de cerca de 150 mil pessoas. A meta é que em 2025 esse número chegue a 300 mil pessoas. E em breve poderá chegar a 320 mil.
O outro lado da moeda
Porém, a que custo?
É claro que Interlagos, apesar das profundas mudanças ocorridas, tem sérios problemas de acessibilidade e estrutura de massa. Quanto ao primeiro ponto, quando a cidade cresceu em torno do Autódromo, o espaço de intervenção é muito limitado. O que está prometido no curto prazo é a duplicação da ponte de Jurubatuba e a consolidação do serviço na linha 9 da CPTM (Via Mobilidade).
Mas o que há dentro? Reclamações sobre moradia, filas de compras e trânsito não são novidade hoje. E nem entraremos em detalhes sobre os preços praticados no mercado interno…
O gerenciamento de tickets também é questionável. Depois que a Eventim assumiu a emissão de ingressos, o número de reclamações aumentou significativamente. Sem falar no curioso caso (digamos) de passagens que se esgotam em segundos e depois aparecem nos anúncios das agências de viagens.
Há quem diga que é má vontade, mas esta semana: uma pré-venda para clientes do Porto Bank, um dos patrocinadores do GP, estava prevista para 05/11. Mas este sistema simplesmente não funcionou e muitas pessoas não sabem se conseguiram garantir o seu bilhete ou não. A entidade informou que essas pessoas terão uma nova chance, mas não especificou quando. A partir de agora, as vendas ao público geral começarão no dia 11/11 (segunda-feira).
Um ponto que se destacou neste ano foi o acesso às arquibancadas. Pode-se até dizer que a chuva ajudou no bloqueio. Mas sobre filas desorganizadas, falta de catracas, falta de liderança… Houve até casos em que pessoas desistiram da corrida por conta de toda a situação.
É importante que o público se sinta sempre parte do espetáculo. É ótimo ver esses dados que a faixa etária dominante é a dos jovens (18 a 29 anos) e mais de 36% do público total é feminino. As obras de reconstrução e diversificação prosseguem com força.
Mas e quanto à conveniência? Sabemos que Interlagos terá um bom desempenho na estrada e este ano não foi diferente com a adição de Lewis Hamilton retornando na McLaren MP 4/5B. Afinal, é mais dinheiro no bolso, e não estamos falando de mesada.
Mas a experiência deve ser completa para que as pessoas voltem sempre. Ninguém está livre de problemas. Por exemplo, este ano foi realizada uma competição para evitar a chuva. Mas e o problema persistente dos tickets? E os problemas de acesso aos estandes?
Pode-se até considerar que o público que vai a Interlagos tenha uma relação de desprezo com a F1. Mas há um limite. Em outras palavras, a organização.