A suposta prisão de Gustavo Lima abalou os bastidores do futebol




Pedro Lourenço, dono do Cruzeiro, posa com o cantor Gustavo Lima

Foto: Divulgação/CEC

O mandado de prisão de Gustavo Lima, expedido pela Justiça pernambucana nesta segunda-feira, surpreendeu não só fãs e admiradores do cantor sertanejo. Por outro lado, esta notícia abalou os bastidores do futebol, que estavam preocupados com os possíveis desenvolvimentos deste caso nas últimas horas.

Lima é apontado como um dos sócios do Vai de Bet pela Operação Integração, que investiga supostos crimes financeiros e lavagem de dinheiro por meio de empresas de jogos de azar. Segundo a decisão judicial, o pedido de prisão preventiva baseou-se na suspeita de que o cantor fosse foragido de José André da Rocha Neto, dono de uma casa de apostas e até então foragido da justiça, durante viagem à Grécia .

No início do ano, a Vay de Bet veio à tona ao anunciar que seu contrato de patrocínio master com o Corinthians foi rescindido unilateralmente pela empresa após suspeita de desvio de comissões por atravessadores do clube. Embora não esteja mais associado à marca, o time paulista segue vigilante.

Ao fechar a contratação do holandês Memphis Depay, a diretoria do Corinthians consultou a população de seu novo patrocinador, o Esportes da Sorte, também investigado na operação, para garantir se pode prosseguir com o negócio, porque a maior parte do contrato de dinheiro, que é reforçado pelo orçamento de patrocínio.

Os representantes da empresa garantiram ao Corinthians que o acordo será cumprido e não há motivos para preocupação porque, segundo eles, o Esportes da Sorte já apresentou as explicações necessárias às autoridades. A direção do clube percebeu que a investigação tem poucas chances de avançar.

Porém, esse entendimento mudou nos últimos dias, principalmente após o mandado de prisão contra Gustavo Lima. Embora Darwin Henrique da Silva Filho, dono da Esportes da Sorte, tenha sido um dos beneficiados pelo habeas corpus na segunda-feira, a ação das autoridades pernambucanas contra a empresa continua. A apreensão de um cassino administrado pelo pai de Darwin foi o ímpeto para a investigação.

Em 2022, a Polícia Civil de Pernambuco apreendeu em um banco uma sacola com 180 mil reais em dinheiro junto com um caderno que mostrava as consequências de um esquema de lavagem de dinheiro. À medida que a investigação prosseguia, os agentes policiais encontraram os primeiros indícios do possível envolvimento de Gustavo Lima, que utilizou uma de suas empresas para receber mais de 8 milhões de reais da Époros da Sorte.

Já em 2022, segundo o levantamento, a cantora assinou contrato como embaixadora do Vai de Beth. Apesar de não ser investigado na operação, o Cruzeiro tenta se proteger das consequências do caso, já que no início deste ano Gustavo Lima mediou as conversas entre os dirigentes do clube e a casa de apostas para um possível patrocínio.

Na época, o time mineiro ainda era comandado por Ronaldo Fenômeno, que vendeu ações da SAF ao empresário Pedro Lorenzo, conhecido como Pedrinho BH, que é padrinho de casamento e um dos filhos de Gustavo Lima. Sob seu comando, o Cruzeiro decidiu renovar o contrato de patrocínio master com a Betfair, também casa de apostas, mas a presença do cantor, antes limitada à função de torcedor famoso, agora inclui a função de investidor.

Em agosto, o artista sertanejo anunciou que outra empresa de sua propriedade, a BP Consórcio, patrocinará o Cruzeiro e estampará a camisa do time principal no ombro. No mês anterior, às vésperas do anúncio da prorrogação do patrocínio da Betfair com o clube, Gustavo Lima adquiriu 25% do Vai de Bet, conforme mandado de prisão da Justiça pernambucana.

Pedrinho não negociou com a Vai de Bet, mas se encontrou pessoalmente com o dono da empresa, José Andre Neto, durante a festa de aniversário do cantor, no início deste mês, em um iate na Grécia – viagem que, segundo a Ação Integração, serviu para “dar abrigo para refugiados” em investigação da justiça.

A relação mineira vai além da amizade. Além de um recente acordo de patrocínio através da BP Consórcio, Gustavo Lima se inspirou em Pedrinho ao comprar 60% do SAF do Paranavaí, clube paranaense da segunda divisão patrocinado pela Vai de Bet.

Em maio, o cantor Aquiles, revelação de 16 anos da academia de Paranavay, foi vendido para o Cruzeiro e recebeu sinal positivo de Pedrinho para uma futura parceria para um novo negócio envolvendo os atletas dos clubes. O escândalo com Wai de Bet deve esfriar as conversas e pode até colocar o dono do clube mineiro no radar de uma investigação paralela.

Diante das consequências de um possível esquema de lavagem de dinheiro por parte de empresas que realizam patrocínios de futebol, representantes ligados ao Governo já montaram uma CPI para investigar os investimentos das empresas em SAFs e contratos de publicidade com condições, que visa apurar potenciais dribles no futebol regulamentar. Apostas esportivas permitidas pelo presidente Lula no início do ano.

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